A gravata
Como surgiu
Há muitas possibilidades para o surgimento do acessório, já que em várias culturas do mundo itens semelhantes foram sendo encontrados. Os primeiros indícios vêm dos egípcios, que colocavam uma uma espécie amuleto no pescoço das múmias, uma corda com um nó; os chineses usavam um pedaço de tecido com um nó como sinal de status e os romanos para proteger do frio.
Mas a versão mais aceita, por ser a mais próxima da gravata como a conhecemos hoje, é que de que surgiu quando soldados croatas foram para a França na "Guerra dos Trinta Anos", por volta de 1635. Eles usavam um lenço amarrado no pescoço para manter o colarinho fechado e alinhado, e os franceses viram na peça uma tendência de moda, dando origem ao nome cravate. O rei Luís XIV, por sua vez, aderiu ao lenço pomposo para incrementar as vestimentas da corte e o popularizou. Já os ingleses conheceram o cravate na Itália e levaram a moda para as ilhas britânicas e para a colônia na América.
Rei francês Luis XIV usa 'cravate' em 1667 (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)
O homem enrola e amarra pedaços de pano ao redor do pescoço há centenas de anos, mas a gravata, na forma fina e comprida com que a conhecemos hoje, só foi popularizada no século XX.
Usada de diversas formas, tamanhos e cores, ela sempre simbolizou o poder masculino e representa, ainda hoje, respeito e formalidade.
Roupa de guerra
Segundo Miti Shitara, professora de história da moda da faculdade Santa Marcelina, há registros de uso de lenços no pescoço por soldados chineses, no século III A.C. e também entre o Exército da Roma Antiga, como sudário. "O lenço protegia não só do calor, mas também servia para estancar sangue e limpar a boca, por exemplo."
No Ocidente, a história mais conhecida sobre a origem da gravata data de 1618, quando um regimento croata passou por Paris durante a Guerra dos Trinta Anos usando um lenço no pescoço. Segundo Shitara, em entrevista ao G1 por telefone, o adereço, usado com renda e depois chamado de 'cravate' (derivado da palavra 'croata'), virou moda na França, e passou a ser usado pela nobreza e pela realeza - Luis XIV foi um dos adeptos do novo estilo.
Dandies parisienses de 1830 (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)
"Toda a corte do rei sol usava a peça, que era feita de tiras de tecido (geralmente linho branco muito bem engomado) enroladas no pescoço formando uma cascata na frente. A extremidade era enfeitada com rendas e pregas."
Dândis engravatados
Após a Revolução Francesa, a moda masculina ficou mais sóbria e vários elementos caíram. Mas a gravata continuou forte. Na começo do século XIX, o inglês Bryan Brummel ('O Belo Brummel') criou um novo estilo que reforçou o símbolo de poder das 'cravates': o dândi.
Marcadas pela sobriedade, as roupas dândis não levavam acessórios, jóias ou bordados. Além de calça comprida, colete e casaco, os dândis usavam uma gola alta com um lenço com nós sofisticados. "Brummel fazia vários tipos de nós elaborados e até o rei da Inglaterra na época visitava sua casa para aprender os tipos de amarrações", explica Shitara.
Segundo uma reportagem da revista americana "Forbes", nos anos 1800, se um homem tocasse o lenço no pescoço de outro a ofensa era tanta que poderia acabar em duelo. Ainda de acordo com a "Forbes", a gravata moderna surgiu em 1860, quando se começou a amarrar o lenço como os nós das rédeas de carruagens de quatro cavalos - o hoje chamado 'nó simples'.
O poder masculino
Na Inglaterra do século XIX, as 'cravates' já eram usadas por universitários e em regimentos militares, escolas e clubes. Nessa época eram do tipo borboleta. "No final do século, se começou a usar uma fita mais fina com um anel, que deu origem ao formato atual", conta Shitara.
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